Portanto, a primeira exigência do ensino é de ser claro. Se aquele que ensina, intencionalmente não ensina com clareza, ele é pior do que um incompetente: ele é um desonesto! Porque é uma fraude alguém se apresentar com a intenção de não dar a verdade inteira, quando se está na suposição de que ele vai dar verdade inteira.
Então, se aqueles grandes teólogos e doutores da Igreja fizessem silêncio ou de alguma forma camuflassem a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, os fiéis, ouvindo um ensinamento confuso sobre uma verdade indispensável à salvação, a Igreja estaria fraudando os fiéis. E Ela estava faltando com a sua missão.
Se a Igreja fosse silenciar a respeito de alguma verdade sobre a Eucaristia, faria com que os fiéis comungassem mal. Porque, não tendo o ensinamento claro sobre o que eles estão recebendo, não podiam receber bem a santa comunhão. Quem pode ter um ato de adoração ao Santíssimo Sacramento se não tem certeza se ali está de fato Nosso Senhor Jesus Cristo? Não era possível porque, nesse caso, a Igreja, para manter uma unidade pútrida com os protestantes, estaria sacrificando a vida espiritual de seus fiéis.
Por outro lado, a força de toda instituição consiste em levar às últimas conseqüências os seus próprios princípios. Ora, a partir do momento em que se ache que a Igreja, para sobreviver, teria que “adoçar” seus princípios e sua doutrina, seria reconhecer que ela já morreu… Portanto a Igreja tem que ensinar a verdade inteira!
Vocações clericais: um padre deve ser como padre, pensar como padre, viver como padre e vestir-se como padre. Se alguém achar que sendo assim então não haverá mais padres, no Brasil, por exemplo, não adianta pôr padre de macacão para ver se alguém quer ficar padre, porque é preciso tomar o problema pela base.
O mesmo com a instituição da família. Se alguém disser: “Se não se implantar o divórcio, no Brasil muita gente começa a não mais se casar e a viver no amor-livre”. A resposta é: então diga que morreu a instituição da família no Brasil. Porque não vale a pena fazer uma “caricatura abastardada” daquilo que deve ser! Então, vamos logo dizer: morreu o Brasil! Porque um país onde não há compreensão, nem apreço, pela família, pelo estado eclesiástico e pelo estado militar, esse é um país morto…
Os padres do Concílio de Trento entenderam que era preciso fazer o contrário dessa “tática” do ecumenismo. Por isso, em oposição ao protestantismo, acentuaram o culto ao Santíssimo Sacramento:
A) instituíram uma festa para a adoração do Santíssimo Sacramento;
B) estabeleceram uma procissão em que o Santíssimo Sacramento sai à rua, adorado por todos, para que as multidões todas O adorem de joelhos postos em terra, reconhecendo que, debaixo das aparências eucarísticas, ali está Nosso Senhor Jesus Cristo.
C) impulsionaram o culto ao Santíssimo Sacramento, chegando a essa plenitude que é a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento, instituída por São Pedro Julião Eymard.
Era a política de enfrentar, de não conceder, de lutar, de afirmar, de proclamar. Era o apostolado da honestidade, da lealdade, da integridade e da coerência. E dele adveio para a Igreja uma torrente de graças, como as graças da Contra-Reforma, que representaram uma das maiores chuvas de graça que a Igreja tem recebido.
O acentuar o culto ao Santíssimo Sacramento, a Nossa Senhora, à devoção ao Papa, foi a resposta da Igreja ao protestantismo. Uma longa resposta de 300 anos. Enquanto a Igreja manifestou-se católica em todo o seu conteúdo, essas respostas se acentuaram. No século XIX, ainda, a proclamação da infalibilidade papal, a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, o dogma da Assunção e uma série de afirmações, de instituições, etc., afirmaram aquilo que o protestantismo negava. De maneira que quanto mais os herejes persistiam no seu erro, tanto mais os católicos iam alto, proclamando as verdades. Quanto mais eles se esfarelavam, tanto mais a unidade dos católicos se afirmava. Quanto mais o protestantismo apodrecia, tanto mais a vitalidade católica se multiplicava.
Até que outros ventos sopraram… E em nossos dias a realidade é que há incontáveis católicos que já não têm mais a coerência de sua Fé. Não têm mais a pugnacidade, não têm mais aquela integridade que caracteriza a instituição quando está viva.
A Igreja nunca diminui de vitalidade, porque Ela é imortal, por Ela ser sobrenatural, por Ela ser divina. Mas a correspondência de seus filhos a Ela pode enfraquecer e pode, portanto, a densidade de fé diminuir no espírito de muitos filhos da Igreja.
Como é real aquela afirmação da Escritura de que viria um dia em que as verdades estariam diminuídas entre os filhos dos homens. Não propriamente negadas, mas murchas, reduzidas, apoucadas, amesquinhadas, entre os filhos dos homens.
Por isso na festa de Corpus Christi, e especialmente na procissão de Corpus Christi, devemos considerar a coragem e a vantagem de proclamar os dogmas de nossa Fé. Pelo favor de Nossa Senhora, ainda há, felizmente em muitos católicos, uma tendência de vitalidade, de correspondência à Fé, de energia e de plenitude no crer na intransigência e na combatividade.
Por isso a festa de Corpus Christi é a festa do Santíssimo Sacramento. E é uma grande lição de combatividade.
Aprendamos essa lição, e procuremos ser, por amor a Nossa Senhora, cada vez mais proclamadores, combativos e adoradores do Santíssimo Sacramento. Porque todo autêntico católico tem obrigação de fazer apostolado. E fazer apostolado significa praticar ações que tenham como fim retrair a ação do demônio e facilitar, de todos os modos, a atuação do Corpo Místico de Cristo. Portanto, é qualquer ação ou atitude que, de um modo ou de outro, intervenha na luta a favor da expansão do Reino de Cristo.
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