O
católico, pela graça do batismo, fica apto a ser um bem-aventurado no
Céu. Mas, como está neste mundo deve seguir as leis da terra também. Tem
obrigações para com Deus e também para com os homens. Os Dez
Mandamentos contêm os nossos principais deveres para com Deus (os três
primeiros Mandamentos), para conosco mesmos e para com o próximo (os
sete últimos). Eles constituem a súmula de toda a lei moral. Neles Deus
nos ordena que façamos o bem e evitemos o mal. Por isso, cada Mandamento
contém um preceito e uma proibição.
Constituem, portanto, o caminho necessário para cada um de nós,
individualmente, alcançar a salvação eterna: basta pecar gravemente
contra qualquer um deles para merecer o inferno.
Por outro lado, os Mandamentos são também o fundamento de
toda a vida em sociedade: sua simples observância bastaria para
restabelecer a ordem e trazer a paz a todos os povos, nações, sociedades
e Estados. É exatamente esta a missão dos leigos católicos: imbuir do
espírito de Jesus Cristo a sociedade temporal.
O plano de Deus quanto aos homens
O homem foi criado por Deus com dons
excelentíssimos, e colocado no mais magnífico local da Terra, que era o
Paraíso terrestre. Ali deveriam viver todos os homens, já nascendo com
aqueles dons e destinados a, após uma existência cheia de santidade e
felicidade, serem levados para o Céu sem passarem pela morte. Tal plano
de Deus envolvia:
a) Que cada homem progredisse na virtude e desenvolvesse admiravelmente suas próprias perfeições;
b) O serviço de
Deus e progresso na virtude os homens deveriam fazê-lo juntos,
colaborando uns com os outros e influenciando uns sobre os outros;
c) Formariam
assim uma sociedade e um Estado perfeito, com uma civilização e cultura
admiráveis, que poderiam ser poderosíssimos auxiliares na santificação.
Se imaginarmos um mundo habitado por milhões de homens, todos com
perfeições admiráveis como vemos nos santos, realizando obras de arte
com a perfeição e beleza das de um Fra Angélico, produzindo as
instituições admiráveis da Civilização Cristã, etc. – e sem as
dificuldades e limitações produzidas pelo pecado original – poderemos
ter uma certa idéia do que seria o Paraíso terrestre se não tivesse
havido o pecado original. A humanidade era chamada pois, a embelezar
prodigiosamente o Paraíso terrestre, e edificar ali uma cultura e uma
civilização de perfeição absolutamente maravilhosa.
O pecado original, decorrente da tentação do demônio e da queda de
Adão, degradou o homem, que perdeu os dons sobrenaturais e
preternaturais, teve a desordem dentro de si e ficou sujeito à morte, às
doenças, lançado em meio a uma natureza hostil. Fez ruir, portanto,
aquele plano maravilhoso.
Mas o plano de Deus, quanto ao fim do homem, continua substancialmente o mesmo, envolvendo:
a) Que os homens devem santificar-se; e não apenas isoladamente, mas formando uma sociedade;
b) Que eles
devem pois constituir um Estado, uma cultura, uma civilização, como
meios para sua santificação e para a glória de Deus;
c) Assim se
santificando, virão a ocupar os tronos angélicos vazios. O término dessa
maravilhosa obra divina marcará o término da História, na Terra.
O plano de Deus na História
A História é o desenrolar da admirável ação da Providência, em meio
ora à fidelidade, ora à recusa e até à revolta dos homens, para a
realização daquele grandioso plano. Assim, na História:
1) Ora os homens aceitam o plano divino, e são as grandes maravilhas que ocorrem;
2) Freqüentemente resistem e seguem o demônio, trazendo pecados, tragédias e degradações, ora maiores ora menores;
3) Deus, ante a
resistência dos homens, em Sua insondável Sabedoria: a) ora intervém e
produz as grandes conversões; b) ora intervém castigando as apostasias e
reiniciando a realização de Sua obra; c) ora permite que o mal se
alastre e se prolongue enormemente; d) mas, nunca derrotado, tira o bem
do mal; apesar de todo o ódio de Satanás e de todas as maldades dos
ímpios, conduz a História, através de maravilhas, para a realização de
Seus desígnios.
Visão geral e sucinta da História: Começa a História humana – Dons admiráveis de Deus; o pecado de Adão – Deus castiga, mas promete o Redentor.
Na era patriarcal – Deus dava aos homens graças para que, com a
religião natural e já algo da religião revelada, criassem uma ordem
patriarcal boa. Os homens terminam implantando uma ordem má. Deus manda o
dilúvio, destruindo não só os ímpios, mas também aquela ordem de coisas
má. Mas ao mesmo tempo separa um resíduo: Noé e sua família. E fez
maravilhas mais belas que antes (o pacto com Noé, o arco-íris).
Os homens pecam de novo, e constroem outra vez uma ordem de coisas
pecaminosa, que os induz a pecar mais. Deus impede seus desígnios e os
castiga: confusão das línguas e dispersão dos homens (torre de Babel).
De decadência em decadência, chegando à idolatria e a mil degradações
sociais, culturais, etc., os homens vão imergindo no paganismo.
Mas Deus separa um povo. É um povo apenas, porém já temos novas
maravilhas divinas: desse povo sairá o Messias e sairá Nossa Senhora. E
este povo recebe no Sinai a Lei que é a base da ordem sadia, e será
assistido por uma Providência especialíssima.
Revoltas sucessivas do povo judeu. Decadência final. Outra vez o plano de Deus é coarctado pela maldade dos homens.
Deus castiga os judeus e os dispersa pelo mundo. Mas Se serve de seus
restos para construir a grande maravilha que é a Igreja. E triunfa dos
desvarios da gentilidade, atraindo-a para o grêmio da Igreja.
A Igreja floresce. A santidade produz frutos impressionantes. A Idade
Média progride. Começa a construção da ordem perfeita, que é a
Civilização Cristã.
Mas vem a grande apostasia do Ocidente cristão, e surge a Revolução.
Porém Deus, ao longo da progressiva tragédia da Revolução, vai
aprimorando a Igreja com novas maravilhas: a Contra-Reforma; o movimento
ultramontano no século XIX; o movimento ultramontano em nossos dias.
É preciso que, antes de a História se encerrar, se cumpra o plano que
Deus quer que os homens realizem também nesta Terra. Não apenas num
brevíssimo espaço de tempo, mas de modo estável.
Então Deus utilizará Seu instrumento máximo, Nossa Senhora. Por ação
d’Ela, e para a glória d’Ela, o que até agora foram tentativas
precursoras será realidade durável, consistente e gloriosa: o Reino de
Maria.
Mas depois de sua duração devida, virá a revolta última dos homens.
Tão grave será – porque será contra o reinado de Maria – que Deus
destruirá a humanidade. Mas ainda fazendo uma maravilha: os últimos
fiéis serão tão santos, que serão a florescência do apogeu da Igreja. A
Igreja militante expirante se transformará na Igreja triunfante do Céu.
Os tronos angélicos vazios estarão preenchidos. A Terra será purificada.
O plano rejeitado por Satanás será realizado sem ele e contra ele. Será o apogeu da glória de Deus.
Fonte: Vocacionados Menores
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